segunda-feira, 1 de novembro de 2010

eu ando tão cansada, sinto uma falta enorme do que nunca existiu. Uma angústia que não tem jeito.
Ando tão cansada de estar cansada e reclamar da angustia, dor e aperto no peito e segunda de manha acordar sorrir comer, sobreviver e dormir pra reclamar. não ta certo.
aperto tudo isso muito forte entre minha mão até não sobrar quase nada, enfio no bolso da minha camiseta do lado do meu coração, e pronto, acabou.

E eu vou ficar aqui pra que? Pra mendigar aos outros momentos de alegria? Para procurar no fundo da fonte moedinhas de esperança?Deixar tudo pra trás e sair pela porta da frente sem se preocupar se o gás ta desligado ou se a janela ta fechada, é perigoso, é sinal que você nunca mais voltará para lá. Eu leve e branca como uma folha de caderno velho, pronta pra se escrita de novo me adaptar ao meio, mas sei que a qualquer hora despreocupada sairei voando de novo, mas sempre levo marcas do que fui, palavras escritas com muita força que acabam por marcar o livro inteiro. E são essas marcas que fazem o que eu sou agora, abandono tudo que me cansa como se não me doesse nada,um adeus sem especulações, um atraso e nunca mais apareço. E dói. Dia e noite dói, madrugadas de domingo suando de baixo desse cobertor que nunca muda, dói. Mas me camuflo tanto que arranjo outra personalidade pra vestir e saio pelas ruas, digo que talvez seja questão de sobrevivência, ou então minha verdadeira essência não gosta de rotina,ou talvez...

Eu nunca sei o que me sobra, quando a chuva ameaça e o cinza do céu me faz pensar eu não sei o que sou, sinto como se fosse um amontoado de rascunhos escritos em folha a4 amassadas numa escrivaninha escura, rascunhos juntos e sujos, letra feia escrita com caneta azul que sempre mancha, palavras difíceis de serem lidas, sou sempre o rascunho.

e você só vai acreditar quando eu estiver num ónibus sujo de terra a caminho do nada,quando eu não atender mais o telefone, você só ira acreditar quando o semblante do meu rosto começar a desaparecer da sua memória. E eu vou estar longe numa folha qualquer com uma caneta qualquer , talvez eu escreva, talvez eu chore, mas eu não volto.