quarta-feira, 27 de abril de 2011




O cheiro daquela casa me remetia a infância que, embora não fosse uma fase repleta de recordações belas e agradáveis ainda assim me trazia saudade. A verdade era que eu tinha medo daquele local, pois sabia que em fusão da minha imaginação exacerbada e ilusões não promissórias, aquelas paredes de quadros mágicos iriam derreter-se ao poucos;sim já sabia.
Mesmo moldada de desesperanças entrei na sala um pouco apreensiva, algo no meu estômago queria voar,porém como já feito milhares de vezes antes, engoli à seco a ansiedade e matei todas( quase todas) borboletas no meu estômago.

Ele como sempre atencioso com suas próprias palavras e com sua própria vida, contava entusiasmado sobre detalhes daquela casa construída à base de sonhos.As frases que me dizia faziam o menor sentindo naquela hora , ele não tinha a sensibilidade de perceber meu mundo estava desabando e eu não tinha a sensibilidade de entrar no mundo dele.

Impaciente, sentei no sofá o qual trazia muitas histórias e as quais eu não estava interessada em saber,porém sorri quando ele contou que aquele lugar onde eu acabará de sentar era o predileto do seu cão.

Pedi um copo d' água ,não estava com sede e para ser sincera já estava me afogando à algumas horas.Respirei fundo e ele perguntou se eu estava bem. Algum momento se passou e me perdi num plano de silencio e lembranças confusas. Estava tão concentrada no chão daquela casa que foi meu abrigo por tempos, e o mesmo chão que me servirá de apoio estava se abrindo a cada passo, a cada palavra. Definitivamente não estava bem, como gesto espontâneo sorri e balancei a cabeça, a mesma que agora estava tão mais pesada pois a máscara que carreguei por anos estava caindo sem que eu pudesse impedir.

Para onde foram minhas palavras? eu não conseguia nem responde-lo, muito menos prestar atenção no que me dizia. Foi preciso chegar naquele local para perceber mais uma vez que meu mundo não estável, e que nunca foi.

Eu, que sempre tentei convence-lo de que estava certa , encontrei-me ali sem argumentos,sem fé e nua de esperanças.Ele não entendeu meu silêncio, eu nunca entendi as verdades dele,logo me vi no direito de me abstrair daquele momento.

Pode ser que tenha acontecido várias coisas nesse meio tempo,porém em mim só ficou um vácuo de memórias.Passei dias sonhando com nosso encontro e com aquela casa, talvez dias não mostre a verdadeira intensidade e talvez seja exagero,embora eu saiba das noites que ele me veio a cabeça e as manhas que passei sem conseguir tira-lo. Nessas noites eu desenhei cada gesto e fabriquei essa casa, a mesma que vi cair à minha frente.

Ele me importava tanto antigamente, essa casa era tão bonita... eu não entendo.

Um comentário:

  1. Esse texto foi um presságio do que aconteria alguns meses depois nesse mesmo dia, que ironico,na época esse texto não fez muito sentido pra mim

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